Mergulhos na tradução editorial

Em novembro de 2023, concluí o módulo de tradução literária na Interpret2B, mas minha jornada com a literatura havia começado bem antes, lá em 2008, quando cursei as primeiras disciplinas de literatura da minha vida de bacharelanda de Letras português-inglês na UFRJ.

Os mergulhos literários foram fundos, mas não tão prazerosos quanto eu gostaria, porque foi só na Interpret2B, com a professora Amarilis Okida, que se tornou uma amiga, que eu pude de fato entender o que era a literatura.

Também foi lá que percebi que eu poderia traduzir literatura. Eu tenho arcabouço pra isso, mas eu achava que literatura era só Shakespeare, Graciliano Ramos e Camões. Era complexo, genial, rebuscado, culto. Só que e os livros YA? E os eróticos? E os infanto-juvenis? Pois é, isso também é literatura. Cada livro tem um tom, uma bagagem do autor, um estilo.

E, como um dos primeiros passinhos no campo, escolhi traduzi parte do conto Up in Michigan, de Hemingway, para concluir o curso na Interpret2b.

O conto no idioma original, inglês, está aqui. Minha tradução de parte dele está abaixo.

Lá em Michigan

Autor: Ernest Hemingway

Jim Gilmore veio do Canadá para Horton Bay. Ele comprou a ferraria do velho Horton. Jim era baixo e moreno; seu bigode e suas mãos, grandes. Um bom ferrador, mas não se parecia muito com um ferreiro, mesmo quando estava de avental de couro. Morava acima da ferraria e fazia as refeições na casa de A. J. Smith.

Liz Coates trabalhava para Smith. A Sra. Smith, uma mulher asseada e corpulenta, dizia que Liz Coates era a moça mais alinhada que ela já vira. Liz tinha belas pernas e sempre usava um avental limpo de guingão, e Jim notou que a parte de trás do cabelo dela estava sempre arrumada. Ele gostava de seu rosto ser tão alegre, mas nunca pensava em Liz.

Ela gostava muito de Jim, do jeito que ele caminhava da ferraria até lá e ela costumava ficar na porta da cozinha observando-o descer pela rua. Liz gostava de seu bigode e de ver como eram brancos os seus dentes quando ele sorria. Agradava-lhe muito que ele não se assemelhava a um ferreiro. Ela apreciava ver quanto A. J. Smith e a Sra. Smith gostavam de Jim. Um dia, Liz se deu conta de que gostava de como os pelos dos braços dele eram escuros. E, enquanto ele ensaboava as mãos no lavatório fora da casa, ela reparou que os pelos na parte bronzeada eram claros. Ao perceber que gostava dos pelos dos braços de Jim, ela sentiu algo estranho.

Horton Bay, a cidade, tinha apenas cinco casas, que ficavam na via principal entre Boyne City e Charlevoix. Havia a mercearia e o correio, o qual tinha uma grande fachada falsa e talvez uma carroça parada na frente, a casa de Smith, a casa de Stroud, a casa de Fox, a casa de Horton e a casa de Van Hoosen. As residências ficavam numa ampla alameda de olmos, e a rua era bem arenosa. Mais à frente, havia terras agrícolas e bosques dos dois lados da via. Um pouco adiante, tinha uma igreja metodista e, no sentido contrário, a escola da cidade. A ferraria era vermelha e ficava em frente à escola.

Uma via íngreme e arenosa descia pela colina em direção à baía, cortando o bosque. Dos fundos da casa do Smith, avistava-se o bosque que se estendia até o lago. Também se via o outro lado da baía. Aquilo era lindo na primavera e no verão; a baía azul e brilhante, e a marola espumante do lago rebentando ao longe, além de onde a brisa de Charlevoix e do Lago Michigan soprava.

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